O barroco arte sensual.
A etimologia do termo barroco nos remete a alguns pontos significativos de sua manifestação que podem nos dar pistas para compreendermos um pouco mais esse movimento artístico.
Temos que percorrer suas volutas.
No ensaio "As dobras da melancolia - o imaginário barroco português" Paulo Pereira ao investigar o termo nos aponta uma de suas origens,
“Diz-se que barroco é uma palavra de origem portuguesa. Os ourives, já em tempo de D. Manuel, chamavam às pérolas grandes e deformadas, barrocas. Barrocal ou barroca é também o nome que entre nós se dá aos agregados de pedras informes e arredondadas – poderosos afloramentos de rochas metamórficas – muito comuns ao Norte de Portugal, na Estremadura e no Alentejo”.
Sua demarcação histórica,
"Mais tarde, e certamente não por acaso, barroco adviria designação de uma época da história intelectual do Ocidente em que os jogos da instabilidade, do pormenor, da minúcia e da ostentação das formas se aliviavam aos jogos de palavras, na poesia e na prosa e, até, na 'arte da memória', conforme ela foi então entendida e praticada..."
Temos que percorrer suas volutas.
No ensaio "As dobras da melancolia - o imaginário barroco português" Paulo Pereira ao investigar o termo nos aponta uma de suas origens,
“Diz-se que barroco é uma palavra de origem portuguesa. Os ourives, já em tempo de D. Manuel, chamavam às pérolas grandes e deformadas, barrocas. Barrocal ou barroca é também o nome que entre nós se dá aos agregados de pedras informes e arredondadas – poderosos afloramentos de rochas metamórficas – muito comuns ao Norte de Portugal, na Estremadura e no Alentejo”.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo/Sabará |
Sua demarcação histórica,
"Mais tarde, e certamente não por acaso, barroco adviria designação de uma época da história intelectual do Ocidente em que os jogos da instabilidade, do pormenor, da minúcia e da ostentação das formas se aliviavam aos jogos de palavras, na poesia e na prosa e, até, na 'arte da memória', conforme ela foi então entendida e praticada..."
‘Todo homem é animal; algumas pedras não são animais; logo, algumas pedras não são homens’.
Vale notar o aspecto de “obra de ourivesaria mental” com esse silogismo acima - e como ele se manifesta nos detalhes artísticos
Detalhe frontispício da igreja de Nossa Senhora do Carmo/Sabará |
O termo foi ainda relacionado aos objetos estranhos avolumados ou exagerados e mesmo extravagante, excessivo ou irregular, conferindo assim uma carga negativa ao estilo.
“o barroco é um estilo artístico que se caracteriza pelo arrebatamento da forma. (...) Mas é uma arte muito direta pouco intelectualizada, e certamente dirigida aos sentidos: sensual mesmo.” E permeado pelo hedonismo.
A palavra barroco surge com um sentido depreciativo. Irregular. Tortuoso. Defeituoso. Expressão de uma crise humana, da crise da cultura renascentista.
"A arte barroca é, por isso mesmo, simultaneamente trágica e festiva. Mas é artifício, engano, e desengano, como a vida: e Calderón dizia la vida es sueño."
Mas as leituras posteriores terminam por reconhecer a singularidade de tal estilo artístico e o barroco ocupa seu espaço de destaque nas artes.
Altar Mor igreja de Santa Luzia/Santa Luzia |
"O barroco revela a nova possibilidade de experiência como montagem e uma revalorização da percepção, agora traduzida como sistema de experiência, porquanto toda percepção será compreendida como ligação rigorosa entre corpo e fenômeno."
Agora o espectador integra o sistema de experiência, a percepção é vivida. A atitude passiva é abandonada. Com ela o homem é levado a assumir uma nova relação com o mundo. No jogo dinâmico de luz e formas a que é levado em presença do barroco,
"o conhecimento do mundo, é a efetivação de uma tomada global, na qual se inscrevem mundo e percepção, e não mais um 'pensamento operatório' a partir de modelos absolutos."
O contato com uma obra barroca pode nos levar a uma significativa fruição estética.
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4ªed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
NEVES, Joel. Ideias filosóficas no barroco mineiro. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1986.
PEREIRA, Paulo. As Dobras da Melancolia – O Imaginário Barroco Português. In: Barroco Teoria e Análise/Affonso Ávila organização; São Paulo Perspectiva; Belo Horizonte Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, 1997.
PEREIRA, Paulo. As Dobras da Melancolia – O Imaginário Barroco Português. In: Barroco Teoria e Análise/Affonso Ávila organização; São Paulo Perspectiva; Belo Horizonte Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário