A música compõe o ambiente das cidades. A música é uma arte da noite, lembra o filósofo.
"A música e a noite. - O ouvido, o órgão do medo, pôde desenvolver-se tanto como se desenvolveu apenas na noite e na penumbra de cavernas e bosques sombrios, consoante o modo de viver da época do medo, isto é, a mais longa época da humanidade: no claro, o ouvido não é tão necessário. Daí o caráter da música, uma arte da noite e da penumbra." Livro IV - § 254
Um dado interessante da arquitetura religiosa, é sua relação dialética com o organismo social, como nos mostra Sylvio de Vasconcellos.
"Essa correspondência entre a arquitetura religiosa e o organismo social, nas Minas, nos parece, além de curiosa, muito importante não só para a compreensão daquela arquitetura de maior vulto que então se concretizou como também, inversamente, para a reconstituição do desenvolvimento social nela tão bem traduzido."
Uma das fases do desenvolvimento do barroco evidencia esse aspecto dialético. Das capelas primitivas às igrejas uma nova estratificação social se instaura. Ordens religiosas como as ordens terceira do Carmo, São Francisco e a do Rosário dos Pretos constroem suas obras mais importantes.
Nessas construções as torres se sobressaem
A música entoada nas torres das igrejas barrocas anuncia a vida e a morte, a celebração e o rito, quem é, e o que é, sua ordem e o gênero. Anuncia o tempo. Ouvidos preparados não olvidam os sinais das torres propagadoras de música.
Eis algumas torres sineiras:
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Bom Jesus de Matosinhos/Congonhas |
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Nossa Senhora do Rosário/Santa Luzia |
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Santa Luzia/Santa Luzia |
Diferente das capelas as igrejas tem torres sineiras como parte da arquitetura.
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São José/Sabará |
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Nossa Senhora do Carmo/Mariana |
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São Francisco de Assis/ Mariana |
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Nossa Senhora da Conceição/Cachoeira do Brumado/Mariana |
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São Caetano/Mariana |
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Nossa Senhor do Carmo/Sabará |
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São José/Congonhas
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Nossa Senhora do Rosário/Alvinópolis |
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São Pedro/Mariana |
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Nossa Senhora do Carmo/Ouro Preto |
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Nossa Senhora do Pilar/Ouro Preto |
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Nossa Senhora dos Prazeres/Lavras Novas |
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Nossa Senhora da Assunção/Mariana |
A matriz é o referencial, seu toque é o primeiro, as outras apenas ecoam seus sinais.
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Santo Antônio/Itaverava |
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São Sebastião/Monsenhor Isidro/Itaverava |
Para uma consulta mais aprofundada seguem as referências.
Referências
NIETZSCHE, Friedrich. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
VASCONCELOS, Sylvio de. Arquitetura colonial mineira in: Barroco: teoria e análise. São Paulo: Perspectiva; Belo Horizonte Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, 1997.
____________ Algumas perspectivas historiográficas sobre o Aleijadinho como arquiteto. in O Aleijadinho arquiteto e outros ensaios sobre o tema. Belo Horizonte: Escola de Arquitetura da UFMG, 2008.
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